terça-feira, 17 de junho de 2008

Só faltava falar

Guardo dos meus tempos de treinador a boa lembrança de dois cavalos intrigantes, da mesma estirpe daquele que gostava de sonhos, como conta em seu blog o Marco Aurélio Ribeiro - El Boiero e Jumbo Lark. O primeiro, de propriedade do amigo Sand Nunes (o mesmo do ganhador do último Grande Prêmio Brasil, L’Amico Steve), portador de algumas fraturas nos dois joelhos, gostava de me lembrar disso toda vez que caminhava em direção à raia para se exercitar. Um dia, claudicava da mão esquerda, no outro, da direita. Claudicação que acabava no momento mesmo em que o jóquei lhe dava rédeas. A partir daí, dava por terminada a sua “farsa” e abria um galope vistoso, de animal são como um coco. E a volta à cocheira era sempre em trote entremeado de pinotes, lindamente coreografados. Para meu desgosto, El Boiero terminou seus dias anonimamente em Campos, depois de comprado em um claiming que venceu por vários corpos.

Jumbo Lark, um filho de Tumble Lark, criação do Haras Rosa do Sul, bem ao contrário de seu companheiro de baia, jamais ganhou uma corrida, mas talvez tenha sido o cavalo de minha propriedade que mais colocações conseguiu em 3 anos de campanha, se não me engano, 15 segundos lugares e outros tantos terceiros, alem de incontáveis quartos e quintos. Deve ter faturado em colocações o equivalente a uns três prêmios de primeiro lugar. Seu “divertimento” predileto era, quando em exercício, parar o galope de sopetão, derrubar o jóquei e sair em desabalada carreira, com o rabo em arco, na direção de sua cocheira. Nada de extraordinário, não fosse o fato de que, para alcançar seu intento, Jumbo tinha de dobrar duas esquinas. Depois de um certo tempo, já acostumado com o seu incrível senso de direção, eu nem me preocupava mais com suas estrepolias, mas apenas com verificar se o seu indigitado cavaleiro não tinha se ferido. Sabia que, em poucos minutos, ela já estaria na baia, devorando a sua porção de alfafa.

Vivi momentos de muita tristeza quando Nilsinho Genovezi bateu o martelo dando por consumada a venda de Jumbo Lark em leilão. Saí do tatersal de Cidade Jardim de cabeça baixa, pensando com meus tristes botões: “Onde mais vou arranjar um cavalo tão brincalhão, que sempre me olha de um jeito maroto, como a dizer “ta vendo como eu sei das coisas?” Onde vou arranjar um cavalo que só falta falar?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Depoimento:

Abaixo, relato de Marcelo Caetano, leitor do blog, cujo conteúdo bem pode ocupar o espaço reservado à história da semana.


“Sou professor de ginástica em uma academia e gosto de curtir corridas de cavalos, especialmente nas segundas-feiras. Numa das últimas, cheguei ao 9º páreo sem uma só pule premiada.

Decidi então seguir a sugestão do Blog do Senna para aquela prova, justamente a da super quadrifeta. Estava lá: ”páreo complicado, mas quem combinar tais e tais cavalos tem grande chance de fechar a quadrifeta”.

Quando já estava no guichê, percebi que meu dinheiro era insuficiente para combinar os quatro números. Durante o dia, tinha abastecido a moto e esquecera em casa o troco de uma nota de cinqüenta reais. O jeito foi montar um jogo com dois animais para primeiro e segundo, com os outros dois para terceiro e quarto.

Fiz a aposta e fui direto para um jogo de poker entre amigos, de modo que só muito mais tarde, pela Internet, fiquei sabendo que a quadrifeta, com os quatro animais indicados, combinados, rateara mil reais, mas em uma ordem diferente da que eu escolhera.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi aquele bordão de um anúncio de motoca...”ela combina com tudo, só não combina com posto de gasolina”. Não combina mesmo, do contrário eu teria curtido, pela primeira vez, uma aposta vencedora de alto rateio.”

Lamento, Marcelo. Mas o blog continua, felizmente, com bom índice de acertos. Haverá outras oportunidades, com certeza.