terça-feira, 15 de março de 2011

Tendão de Aquiles

Em meu giro diário pela Internet, topei com um texto produzido por Mônica Pileggi de muito interesse para todos os que se relacionam com cavalos-atletas, especialmente os PSI. Eis aqui a sua íntegra:


Por Mônica Pileggi


Agência FAPESP – Uma técnica alternativa de cultivo de células-tronco mesenquimais, desenvolvida por médicos veterinários da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), pode ser a solução para o complexo problema da tendinite em cavalos atletas.
Publicado no periódico Journal of Equine Veterinary Science, o estudo, coordenado pela professora Ana Liz Garcia Alves, teve início no mestrado de Armando de Mattos Carvalho e contou com o apoio da FAPESP. A técnica envolve a retirada de células progenitoras derivadas do tecido adiposo de uma região próxima à base da cauda, para depois implantá-las no próprio animal de modo a se obter a regeneração do tecido lesionado.



Assim como o ser humano, os equinos que participam de competições sofrem lesões nos músculos, com a inflamação no tendão sendo um dos problemas mais comuns. Causada pelo esforço repetitivo exigido nos membros do animal, a lesão pode causar o término precoce da carreira atlética do animal. “Existem diversas terapias para tratamento, mas até hoje nenhuma delas mostrou ser plenamente eficiente”, disse Carvalho à Agência FAPESP.
O tendão do músculo flexor digital superficial, localizado na região do metacarpo do cavalo, é considerado um dos mais importantes e é onde ocorre a maior parte das inflamações.
Para extrair as células-tronco da gordura retirada do cavalo é necessário realizar um procedimento conhecido por digestão enzimática. Nele, uma solução de colagenase é adicionada ao tecido adiposo que faz com que toda a matriz extracelular seja digerida liberando vários tipos celulares, dentre os quais as células progenitoras.
“Após esse processo, essas células são cultivadas e, como as células-tronco mesenquimais têm como característica aderência ao plástico, essas são isoladas das demais. Após dez dias de cultivo, já é possível a obtenção de 10 milhões a 20 milhões de células-tronco e elas estão prontas para o implante no animal”, explicou.
Para o estudo foram selecionados cavalos saudáveis. A lesão nos animais foi causada propositalmente com a injeção de colagenase, que danificou o tecido desejado – no caso, o tendão do músculo flexor digital superficial.
Em seguida, um grupo de cavalos recebeu o implante de células-tronco no local da lesão e outro não. “Ao longo de cinco meses os animais passaram por sessões de fisioterapia e acompanhamento da lesão por ultrassonografia e análises clínicas”, explicou Carvalho.
Ao fim do período, foi realizada biópsia para posterior exame histopatológico e imuno-histoquímico por microscopia para avaliar a reparação do tecido lesionado.
“Comparamos os animais com implante tratados com aqueles que não haviam sido tratados e observamos que o tendão tratado com células-tronco estava mais organizado, isto é, suas fibras estavam mais paralelas”, disse.
Biologia molecular
Impulsionado pelos resultados positivos do mestrado, Carvalho continua com o tema em sua pesquisa no doutorado "Implante de células-tronco mesenquimais autólogas, associadas ao plasma rico em plaquetas em tendinites experimentais de equinos", também com o apoio da FAPESP.
Na nova etapa, a novidade está na inclusão da biologia molecular para a avaliação da reparação tecidual. “Selecionaremos alguns genes que estão normalmente presentes em tendões saudáveis dos animais para sua medição e faremos a comparação da quantia desses genes presentes em tendões lesados tratados e não tratados com as células-tronco”, apontou.
No novo estudo, Carvalho trabalha o implante de células-tronco associadas ao plasma rico em plaquetas (PRP), que assim como as células progenitoras também tem potencial para estimular a cicatrização e a atividade regenerativa.

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