domingo, 20 de janeiro de 2008

Adrenalina Sintética

Fui testemunha ocular (e auricular) de uma cena impagável que já faz parte do folclore das corridas curtas. Aconteceu em um certa cancha reta das muitas que se espalham pelo Rio Grande do Sul.

Jovino, gaúcho de sotaque carregado e quase sempre paramentado a CTG, é um narrador de ternos e finais muito requisitado por aquelas bandas. Daquela vez, tinha sido contratado a peso de ouro para descrever, com seu habitual entusiasmo, o desenrolar de uma final milionária. Quatro “fórmulas um” em 400 metros de pura adrenalina.

Mas, conversa vai, conversa vem, uma birita aqui, outra acolá, e o nosso narrador já estava pra lá de Bagdá no momento da largada. Para ele, o partidor era apenas um borrão e os trilhos linhas imaginárias. De repente, o estrondo das "gateras", liberando os corredores. Jovino só teve tempo de pegar o microfone e improvisar: “Largaram....passaram por aqui....chegaram!” A síntese das sínteses.

Muitos apupos e, no final, a frustração de um cheque não recebido. Ao dar partida em seu velho Passat, Jovino fez dois juramentos, que segue até hoje: nunca mais beber em serviço e passar ao largo daquela cancha e de sua copa.

Só para os não iniciados em retas: gateras são os boxes, trilhos cercam a piso privado de cada competidor, copa é o bar que abastece os retistas e CTG significa Centro de Tradições Gauchas.

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