terça-feira, 15 de abril de 2008

Pendurando o chicote

Jorge Bessa Paulielo, um bridão de muita classe que deixou o país em 2001 para encarar o desafio de montar na Inglaterra, está de volta, mas só curtindo férias, e com uma novidade: pendurou o chicote, 979 vitórias depois. “Já não suportava mais brigar com a balança”, me diz, sem conseguir disfarçar os 20 quilos a mais que adquiriu desde que tomou a decisão de parar, em 2004.

Esse foi, por coinscidência, o melhor ano de Paulielo na Inglaterra. “Consegui minha primeira vitória lá e até um segundo lugar em uma prova de Grupo II, corrida em Ascot, com o cavalo Frankie’s Dream”. Também foi o ano em que conseguiu levar a família (a esposa Andresa e os filhos Gabriel e Luisa) para a cidade onde mora, Epsomdowns, e também por ter se tornado cidadão britânico.

Jorginho se orgulha de ter sido um dos que abriram o mercado internacional para colegas brasileiros, como o de Macau, na China. “Em 1992 e 1993, montando lá, consegui o vice-campeonato de jóqueis com 69 e 70 vitórias, além de levantar o Derby local. Logo depois, meu lugar foi ocupado por Manoel Nunes e Eurico Rosa, e bem depois por Fausto Durso e Luis Duarte.”

JB é agora instrutor de crianças em uma escola de dressage, a disciplina eqüestre olímpica que privilegia as habilidades do cavaleiro, muito popular na Europa. Trabalha meio período, pela manhã, e passa as tardes gerenciando o seu espaço no Orkut (www.jorgepaulielo.co.ok) , onde mantém contato praticamente diário com a legião de jóqueis brasileiros que trabalham na Inglaterra, Irlanda e Macau, e com amigos de São Paulo.

Voltar para o Brasil? Pouco provável, afirma. “Primeiro porque minha família já se adaptou ao novo país, depois porque para manter aqui a qualidade de vida que tenho lá, precisaria ganhar pelo menos uns 10 mil reais, algo impensável no nosso turfe de hoje.” Paulielo acrescenta que o governo inglês oferece enorme assistência aos que ganham mil libras (ou menos), que é o seu caso. “Pago apenas 10% do aluguel da casa em que moro, não gasto com remédios e tenho assistência médica e odontológica de graça. Aliás, vivo recusando aumento de salário justamente para não perder esses benefícios”.

De vez em quando, a saudade aumenta. Então, o antídoto é acessar sites brasileiros na Internet, telefonar para os parentes, ou então economizar libras para férias anuais no Brasil. Nas deste ano, deu até para uma esticada de uma semana na Bahia.

Na volta, foi a Cidade Jardim para rever amigos. Ao olhar para a ampla pista de grama, sentiu uma pontada no peito, de pura nostalgia. “Lembrei-me de Mr. Fritz, o melhor cavalo que já montei, especialmente na vitória em que ele, superando muitos problemas físicos, derrotou Much Better. E também de Nick de Mestre, outro estropiado que se superou para bater Jinwaki, um craque do Haras Equilia, vencedor do GP Brasil e do Pelegrini.”

Na saudade de Jorginho, um lugar especial para o pai, o também jóquei J.B. Paulielo, falecido no ano passado. Dentre as razões para que decidisse parar de montar, talvez tenha sido esta a que mais pesou. “Difícil continuar encarando desafios sem o incentivo do homem que me fez seguir a profissão”, conclui.

2 comentários:

PRIBULGARELLI disse...

QUE SAUDADES DE MEU AMIGO JORGINHO,APENAS NOSSO JORGINHO,AMIGO E VIZINHO,MAS PARA O BRASIL,JB PAULOELO,UM BEIJO E BOA SORTE PARA SUA NOVA VIDA. PRISCILLA L BUULGARELLI

PRIBULGARELLI disse...

JORGINHO PAULIELO,AMIGO E VIZINHO,MUITA SORTE EM SUA VIDA,BJS À FANÍLIA,DEUS OS ABENÇOEM,PRISCILLA LOPES BULGARELLI.